terça-feira, 15 de março de 2011

Hold It Against Britney



Goste ou não, Britney Spears é uma incógnita no mundo Pop. Está mais que provado que ela não canta em seus shows, mas ainda assim eles são vistos e celebrados [e lotados] por onde quer que passem. Apesar de intelectochatos ou genuínos "desgostantes" de música Pop a chamarem de vazia, praticamente ninguém resiste a uma boa e velha canção de Britney: nem nas rádios, muito menos nas pistas.

Eu, particularmente, desisti de entender Britney Spears com meu cérebro e apenas aceito o fato de que é minha bunda que a entende. Esse é meu argumento quando alguém, em falso choque, pergunta como eu posso ser capaz de gostar dela.

Pois bem: já que um novo álbum de Spears é sempre para mim um evento pélvico, qual foi minha surpresa quando Femme Fatale (seu mais novo trabalho a ser lançado) instantaneamente caiu em meu desgosto. Quando lançada, Hold It Against Me era definitivamente grudenta, mas havia algo que não me convencia: as escolhas de Max Martin e Dr. Luke como produtores soavam repetitivas - tanto no panteon Pop, quanto na discografia de Spears - e "Hold It Against Me" parecia com qualquer faixa de Katy Perry remixada.

Tempos depois, o álbum vaza, Lucas baixa excitadamente e se broxa com a semelhança das músicas com o eurotrash datado e brega dos anos 1990. Pense em Lasgo... meio decepcionante né? Em estilo, "Femme Fatale" é, na maioria, Dubstep - um gênero da música eletrônica que apresenta texturas e variações digitais de Dub e 2-step. Os efeitos são bizarros, causando uma estranheza imediata - afinal, Spears é largamente conhecida por estandartes Pop como Oops!... I Did It Again, Toxic e If U Seek Amy.

Apesar de suas canções manterem a base verso-refrão-verso, algumas músicas de "Femme Fatale" têm produção tão distinta do padrão esperado por Spears que, de repente, uma rejeição inicial é completamente compreensível. O próximo single, Till The World Ends, por exemplo, é irrevogavelmente uma faixa embebida no europop noventista recheado por auto-tune típico de Tre$ha Ke$ha. E hey, a porcona do Pop, que escova os dentes com uma garrafa de Jack [Daniels], é co-autora da música! E eis que eu você repentinamente se sente culpado por genuinamente gostar de uma música que foi tocada pelos cabelos cebosos de Ke$ha, porque "Till The World Ends" tem um refrão genial, daqueles que te fazem sair rodopiando pela pista jogando os braços pra cima.

Adiante, a gente se depara com faixas aparentemente genéricas como I Wanna Go e (Drop Dead) Beautiful, só que além do poder chiclético de Spears elas possuem momentos em que tudo é jogado no chão, criando aquela atmosfera clubber em que você pára para respirar apenas pra ser arrebatado novamente pela batida.

Big Fat Bass - escrita, produzida e co-cantada por will.i.am - tinha tudo pra ser uma porcaria pseudo-Rock Your Body, mas o resultado se torna fantástico quando todo o daft-punkismo do frontman do Black Eyed Peas se apresenta ainda mais obscuro e as reviravoltas da música subvertem o padrão verso-refrão-verso. Ao fim, tem Criminal, uma faixa tipicamente Pop que contém uma surpreendente flauta [!!!!!!!!!!] - pois, um sample de flauta era tudo o que você menos esperaria nesse álbum.

As melhores faixas do álbum, porém, são as que não são produzidas por Martin e Luke - especialmente as do duo sueco Bloodshy & Avant: How I Roll e Trip To Your Heart. Enquanto a segunda se assemelha à linda Tune Into My Heart, de Little Boots, a primeira canaliza Chewing Gum, da maravilhosa norueguesa Annie, com milhares de bolhas de sabão estourando e experimentação nunca vista antes na história dessa Diva Pop.

Então, qual é a de Britney Spears que é sempre tão fácil chutá-la por tudo o que ela não é [Madonna], mas é sempre tão irresistível quando se quer apenas se divertir? No que depender de "Femme Fatale", tal hábito continuará. Porque apesar de toda a bizarrice inicial, este álbum, em sua completude, é pura delícia Pop, sem pretensões de mudar a vida de ninguém e, dessa forma, genial.

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