segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Bagunça

Quando seu one-night-stand* entra no seu quarto e tem los cojones para dizer que ele está bagunçado, você sente que tem problemas. Quando minutos depois, durante conversa pré-sexo, ele tem eficientes insights sobre sua personalidade... talvez você seja bem menos misterioso do que imagina.

Daí o problema não é exatamente a pessoa te dizer certas coisas que o bom [?] senso comum não permite (se a bagunça do quarto te incomoda, educadamente levante-se e parta), mas sim o quanto você se abre pra tais situações.

No último sábado, empolgado com o clima de possibilidades da 2a Parada do Orgulho LGBT de Vitória da Conquista, decidi anestesiar as restrições freudianas dos últimos meses e liberar geral. Quando a Parada se tornou um mico bem maior do que o esperado, para mim só restaram os anestésicos: milhares de litros de cerveja, vários baseados e zero restrições.

Após a maravilhosa noite de Reggae, como há muito eu não tinha, proporcionada por Ramanaia, no Viela, eu já estava colocando coisas como "shortinho" e "dedada" na mesma frase. Mas quando, no Zoo, o DJ provou-se digno de meus anestésicos psicológicos, as coisas começaram a acontecer.

Teve o garoto que pega na sua cintura, mas nunca no ponto certo; o povo que você agradece a Jah por estar bêbado e não enxergar muito bem; o garoto que [você conhece e] vem falar contigo, mas você pensa que é outro... e tem o amigo dele, que é quem você realmente está interessado.

Algumas horas e duas doses de vodka barata depois, o sol já está despontando e seus amigos não estão mais no mesmo pique que você. Daí se houvesse bom julgamento em sua mente, você sairia fina e discretamente sem que ninguém percebesse. Mas hey, eu comecei a embebedar meu alter-ego há horas! Levei o boy pra casa.

Não me levem a mal, apesar do alto teor alcoólico e plus, meu discernimento e parâmetros continuavam ótimos - o garoto era uma graça e merecia ser levado para casa. Acontece que ouvir da bagunça do seu quarto - e do seu ser -, de um cara que mal te conhece, afetou mais do que deveria e, durante o loooongo domingo de ressaca, meus pensamentos variavam entre "você TEM que parar de beber desse jeito!" e "estaria a bagunça da minha vida mais evidente do que eu gostaria?"

*pessoa com quem você dorme apenas uma vez e não espera, pelo menos num nível hipotético, repetir...

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